sexta-feira, 9 de julho de 2010


Querer-te é sentar-me na praça, logo de manhã, só para te ver passar



Querer-te é os teus olhos, o teu sorriso cúmplice, as tuas palavras


Querer-te é também não me veres, se por acaso alguém está perto


Querer-te é haver sol e vento e estrelas. É o verde das acácias e das


palmeiras e as rosas de Jericó alinhadas até à ponta das dunas.


Querer-te é o castanho doce dos figos sobre a mesa, as tâmaras, a voz


da grande Kolthoum vinda de uma janela num cântico apaixonado ao Nilo


Querer-te é haver noite - ah, sobretudo a noite! E é o teu corpo nu,


exausto, branco como um templo, porque todos os corpos são um


templo no solo consagrado que há.


Querer-te é o sorriso no rosto das crianças, o grácil e dançante


caminhar das mulheres, a fonte, as águas.


Querer-te é tudo, até o meu desejo de te não querer.






[Victor Oliveira Mateus]